Paulo Cafôfo "Sem Tabus"
Foi um dia medonho para Paulo Cafôfo aquele do anúncio dos coordenadores
dos Estados Gerais, em vez de um acto promocional trouxe o descrédito e custou
muitos votos. A campanha eleitoral é uma avaliação contínua e não 15 dias de ruído
sem informação. No percurso há momentos chave que condicionam os raciocínios e
a receptividade. Quando a oportunidade está de caras e é desaproveitada, por
amadorismo ou por vontade de tão só mudar de actores políticos para assentar
no molde vigente, irrita o eleitor e afasta os bons actores disponíveis.
Estamos fartos de nos tomarem como uns abestalhados que não percebem
nada disto, que não vêem, que se calam, que não se informam e não sabem do
muito que não vem nas páginas dos jornais. Paulo Cafôfo fez opções, está no seu
direito, mas o povo também avalia e reage.
Consciente ou inconscientemente, ingénuo ou doloso, Paulo Cafôfo mostrou com um simples acto o conhecimento que tem sobre a realidade
madeirense e o que valoriza para governar com o anúncio dos coordenadores. Foi a única pista
com a mira no Governo Regional de um candidato que não diz nada de útil, o
primeiro indicador depois do nada. Quem quer mudar não faz isto e é um actor
que volta a pensar pequeno quando tem tudo à mercê para uma grande vitória.
Para quem quer mudar ou dar confiança, desconhece ou não liga os valores
espezinhados por permanentes jogos sujos no mundo laboral mas sobretudo
empresarial, especialmente na e com a Função Pública, uma força motriz que num
ápice vira a contenda. Confiar só no descrédito do adversário é não perceber nada de política e estar alheio à nossa realidade. Contar só com o descontentamento dos PSD's é não perceber que ele resulta, neste momento, de pessoas que não alinham na onda e que simplesmente desejam o melhor para a sua terra. Apostar pelo mesmo é levar o povo a deixar tudo como está, a compra de votos do PSD irá dar resultados.
Paulo Cafôfo não está informado ou não quer, escolhe o que vê ou que lhe
dão a ver. Prova de que o candidato a presidente, depois de ter ignorado avisos
de gente séria, capaz de lhe fornecer esse conhecimento, entrega-se ao
superficial, ao que foi montado há muito e que o eleitorado quer findar
urgentemente. Aqui reside a decepção.
" ... Paulo Cafôfo que diz ser
mudança e confiança
acerta nos açambarcadores."
Apostar sempre os mesmos é a razão por estarmos pobres, a razão porque
nunca chega a oportunidade a outros que encostam ou emigram. A estes nunca lhes
chega as décadas de União Europeia (UE) a despejar dinheiro na Madeira e que
incrivelmente favorece um minúsculo grupo do outro lado do fosso em relação a
este muito apertado e cheio de pobres. São 32% de pobres e outros 32% que vão a
caminho em 30 anos de investimentos da UE e Paulo Cafôfo que diz ser mudança
e confiança acerta nos açambarcadores.
É um sintoma ver os políticos a fazer campanha em Londres. Sucede porque
as oportunidades de negócios fáceis e encomendadas beneficiam os mesmos, os
encargos e os custos do sistema sobram
para outros que também são os mesmos. O emprego escravo é o que resta e,
escravo por escravo, emigram por melhor vencimento enquanto a idade não
atraiçoa a oportunidade.
Tudo isto acontece com um candidato que ainda não se deu a conhecer por
toda a ilha nem emitiu uma opinião sobre os assuntos estratégicos que preocupam
a população. Que vazio leva? É mais fácil começar por deslocados da realidade?
“Temos de trabalhar para que os madeirenses
não saiam da sua terra” mas, a primeira
coisa que faz é se meter
com o sistema que provoca isto.
Foi a Londres, sítio apinhado de madeirenses que não tiveram
oportunidades devido à actuação errada da governação e do exagero sempre em
favor dos mesmos, e diz “Temos de trabalhar para que os madeirenses não saiam
da sua terra” mas, a primeira coisa que faz é se meter com o sistema que
provoca isto. A Madeira definha demograficamente também com a emigração. Agora os
políticos também emigram na “caça de que voto”? Ou será que foi usufruir de uma
plateia mais branda para ter as primeiras imagens de sucesso com frases bonitas
sem compromissos mas apostando naqueles que fazem emigrar madeirenses.
Quando queremos acabar com os pré-cozinhados da fortuna e do domínio do
económico sobre o político o senhor Paulo Cafôfo mete-os no micro-ondas a
requentar. Com os mesmos não se muda de políticas nem se traz emigrantes de
volta.
Estas batalhas estéreis de notoriedade entre Cafôfo e Albuquerque
parecem ao povo uma marcação cerrada até nas inocuidades e trazem de novo
semelhanças, ambos nas disputas de questionável valor eleitoral. Toda a parra,
nenhuma uva. Paulo Cafôfo está a pensar como o PSD-M. Pensa nos seus como a
Renovação, uma contagem ridícula que nunca alcançará uma vitória das antigas ao
não falar e arregementar os descontentes, inclusive os do PSD-M. Parece que
pensam mais na falta de tachos para todos ou das inconvenientes sombras do que numa
descomprometida e nova política para os madeirenses. É por aqui que o tachismo
está latente. Falta a franqueza e o jogo claro que os madeirenses anseiam. Falta
gente útil e eficaz. E o eleitor volta a se irritar.
Paulo Cafôfo pensou que repetia o jogo de Miguel Albuquerque, chamava os
parolos da sociedade civil, normalmente gozados para encher salas e dar o voto,
e logo despachados, alcançado o objectivo primordial. Por aselhice desvendou a
mecânica do engano e ficaram registados os instintos nativos.
A imensa fatia eleitoral não deseja mal a ninguém, só exige a sua parte
e diz basta. Quer deixar de ser pobre porque foi nisso que a UE apostou sem
resultados na gestão local dessa fortuna para nos elevar o nível de vida. Pelo
contrário, só pagamos calotes e dívidas, até premiamos esse resultado. Os
socialistas gostam de embandeirar este pormenor através do IRS, por comparação
aos Açores mas, depois vemos as apostas de Cafôfo como contra-senso.
"Os eleitores vêem os mesmos a apostar
em todos os cavalos e os cavalos
a estabelecerem-se no sistema feito."
Chegamos ao exagero do momento onde tudo tem solução nos mesmos porque
enriqueceram com a Madeira Nova, dominaram na Renovação e agora querem absorver
a Confiança. Isto é sinal de dependência do erário público, esse exagero que
nos empobrece e não dá a devida atenção a quem vota. Os eleitores vêem os
mesmos a apostar em todos os cavalos e os cavalos a estabelecerem-se no sistema
feito.
Candidato do povo não é isto, senhor Cafôfo. A 1 de Junho, saíram os
seus Estados Gerais e não os do PS. Em vez de se promover, mergulhou por uma das
duas razões, ou também acha que o povo é burro e vai ser iludido ou tem um
profundo desconhecimento das forças vivas, dos valores das pessoas que estão
fora da bolha dos privilégios.
Paulo Cafôfo defraudou e não há volta a dar, porque a estratégia até
aqui é manifestamente dolosa para os eleitores e decorre naturalmente com muito
silêncio, por ventura maquiavélico, por isso não deseja ir revelando o seu
projecto, ele será o que os lóbis mandarem para ocupar o vazio. Daqui para a
frente muitos não quererão saber mais, soará a um candidato que quer remendar
ou disfarçar mas que já está completamente entalado. Para além do seu erro,
anda mal aconselheirado e com os mesmos sinais de arrogância da Renovação.
Estamos fartos e Paulo Cafôfo oferece o mesmo que a Renovação! Qual foi o
idiota que pensou numa maioria absoluta com lóbis em vez de eleitores?
Paulo Cafôfo, independente com o apoio do PS desilude a maioria dos
madeirenses, sobretudo aquele “saco azul” de votos de militantes e
simpatizantes defraudados com os seus partidos e que se agarraram a um tal de
independente, chegada a hora da verdade convoca os mesmos. Depois de exterminar
o independente, implode a confiança.
Paulo Cafôfo deve avaliar que os lóbis são magnânimos pela ilusão da sua
permanente presença no domínio económico da região e deve estar a concluir que
são eles que contêm os votos e as maiorias. Engana-se e até faz impressão, nas
campanhas porta a porta não vê a tristeza que vai pelas casas pela sucção da
riqueza por parte destes chulos do sistema? De que lhe serviu a experiência
autárquica neste momento?
"Paulo Cafôfo findou a benevolência
de que estava a gozar porque
incorreu no erro ou na sensação
de que a onda ou a conjuntura
coloca os eleitores sem outro remédio
que não votar em si"
Paulo Cafôfo findou a benevolência de que estava a gozar porque incorreu
no erro ou na sensação de que a onda ou a conjuntura coloca os eleitores sem outro
remédio que não votar em si, o mesmo tique que o PSD sente há anos porque
chegada a hora das Eleições Regionais o eleitor, sem opções, votará no PSD-M. O
PSD-M e Paulo Cafôfo enganam-se redondamente, essa era findou.
Se estão todos com a mesma esperteza no mesmo sistema, pulveriza-se os
votos pelos vários partidos, não há maiorias para ninguém na Madeira e compomos
uma Assembleia Legislativa Regional que de facto fiscalize alguma coisa. O
exagero das maiorias foi tal que consideram não haver democracia para além
delas?
Parece que vamos experimentar um governo de coligação, até que os
políticos recuperem discernimento e desçam à terra. É preciso reeducar os
pretendentes a governar, o poder não é uma posse, é uma representação e deve
respeitar as causas de todos e não a ditadura de uma dúzia. Os partidos
convencidos da bipolarização vão ter surpresas.
"... alimentar o mesmo sistema pensando que
arranja mais dinheiro para satisfazer a população
vai dar um nó estratégico ..."
Paulo Cafôfo, a Madeira está pobre e endividada, para cúmulo a dívida
vai aumentar porque não temos dinheiro para alimentar a outra fórmula eleitoral
de construir, construir e construir sem satisfazer o povo. O povo que vota e
faz maiorias não é o dos acontecimentos sociais dos mesmos que vos cegam e,
alimentar o mesmo sistema pensando que arranja mais dinheiro para satisfazer a
população vai dar um nó estratégico, está a dimensionar com a boa vontade de um
Governo PS no continente.
O segredo para votar bem é escolher uma boa pessoa que depois terá o bom
senso de se fazer acompanhar pelos melhores. Andar "longe" de lóbis é
importante para a lucidez que não se deixa levar pelos arrastamentos de asa.
Nunca se sabe onde está verdadeiramente a força e Cafôfo em vez de se promover
deu azo a uma terceira via. Apostamos? Paulo Cafôfo perdeu, pelo menos, todos
os votos que pensava ganhar com a campanha eleitoral, calculo que sejam bem
mais e descalçou ainda muitos que pela calada o promoviam. Foi o excesso de
Confiança. A Confiança apresentou-se igual à Renovação, os lóbis apostam em
dois cavalos para tal como em muitos concursos públicos saberem que ganham de
certeza. O povo quer a sua vida de volta e não mais dívidas para pagar. Já viu
quanta razão deu aos seus detractores?
Temos condições para uma terceira via, quem estiver organizado e junto do povo que se chegue à frente, terá um filão eleitoral.
Carlos Vares